Dia 28 de junho é comemorado o Dia do Orgulho LGBTQIA+. A data deu origem ao mês da diversidade, e nasceu através de um marco muito importante para a comunidade: a Revolta de Stonewall. Ocorrido em 28 de junho de 1969, o evento foi responsável por fomentar o debate sobre direitos e ativismo LGBTQIA+ através de manifestações contra uma invasão policial em um bar em Nova York, o Stonewall Inn, conhecido por ser um ponto de encontro da comunidade, onde as pessoas se sentiam livres e protegidas.
Nove policiais entraram no local e, sob a alegação de que a venda de bebida alcoólica era proibida ali, prenderam funcionários e começaram a agredir e a levar sob custódia alguns frequentadores travestis e drag queens. O público frequentador se revoltou e começou a jogar garrafas e pedras nos policiais, alegando que aquilo era um ato fóbico. Alguém atirou um pedaço de jornal com fogo dentro do Stonewall Inn, e começou um incêndio. Os policiais, que usavam uma mangueira para conter as chamas, decidiram também usar aquela água contra a multidão. A partir deste momento, parte da comunidade gay de Nova York, que até então se escondia, foi às ruas protestar nos arredores do Stonewall Inn durante seis dias.
Em 2015, a Prefeitura de Nova York tornou o bar monumento histórico da cidade. Um ano depois, o ex-presidente Barack Obama decretou que o bar seria o primeiro monumento nacional aos direitos dos LGBTQ.
50 anos após o marco, ainda há muito o que se discutir. Em 70 países, a homossexualidade é considerada crime, como Arábia Saudita e Iêmen, e no Brasil a realidade é ainda mais alarmante: o país é o primeiro no ranking dos que mais matam transsexuais no mundo. Em 2020, 175 pessoas trans foram assassinadas com casos ligados diretamente à intolerância, de acordo com dossiê elaborado pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). A alta é de 41% em relação ao ano anterior.
Nós, da Lamarca, assumimos o compromisso em informar clientes e seguidores que a sexualidade não é uma escolha, muito menos uma patologia e reforçamos a necessidade de criar espaços mais inclusivos e seguros para todos e todes.
O que significa a sigla LGBTQIA+?
A sigla LGBTQIA+ é a maneira mais atualizada para se referir à comunidade. Ela reúne orientações sexuais e identidades de gênero. Mas você sabe qual é a diferença entre eles? Orientação sexual se refere por quem cada pessoa se sente sexual e afetivamente atraída, por exemplo: lésbicas são mulheres atraídas por mulheres, então essa é a sua orientação sexual. As identidades de gênero, por sua vez, se referem a forma como a pessoa se identifica. Uma mulher transsexual, por exemplo, se reconhece como uma mulher, então essa é a sua identidade de gênero.
Abaixo você confere com detalhes o que significa cada sigla:
L: lésbicas
É uma orientação sexual e diz respeito a mulheres (cisgênero ou transgênero) que se sentem atraídas afetiva e sexualmente por outras mulheres (também cis ou trans).
G: gays
É uma orientação sexual e se refere a homens (cisgênero ou transgênero) que se sentem atraídos por outros homens (também cis ou trans).
B: bissexuais
Bissexualidade também é uma orientação sexual; bissexuais são pessoas que se relacionam afetiva e sexualmente tanto com homens quanto com mulheres (inclusive homens e mulheres transgênero, que também podem ser bissexuais).
T: transexuais ou travestis
Este é um conceito relacionado à identidade de gênero e não à sexualidade. Pessoas transexuais não se identificam com o gênero biológico, ou seja, quem nasce com pênis e se identifica como mulher (neste caso, uma mulher trans) ou quem nasce com vagina e se identifica como homem (um homem trans).
As travestis, por sua vez, são mulheres trans que preferem ser chamadas dessa maneira por motivos políticos, de resistência.
Q: queer
Pessoas que não se identificam com os padrões de heteronormatividade impostos pela sociedade e transitam entre os “gêneros”, sem também necessariamente concordar com tais rótulos.
I: intersexuais
Intersexual é o termo usado para descrever pessoas que nascem com características sexuais biológicas que não se encaixam nas categorias típicas do sexo feminino ou masculino, antigamente conhecidas como hermafroditas.
A: assexuais
São pessoas que não sentem atração sexual por ninguém, podendo ou não se interessar por envolvimentos românticos.
Qual a importância de fomentar a diversidade dentro das empresas?
Apesar do debate acerca da diversidade estar mais presente na rotina das empresas, ainda precisamos de políticas mais inclusivas para garantir equidade. Quando falamos de inclusão, estamos falando muito mais do que contratar pessoas LGBTQIA+, estamos falando de criar ambientes seguros para que essas pessoas se sintam confortáveis para se expressar livremente, sem medo e com respaldo do departamento de recursos humanos em possíveis casos de discriminação.
Uma pesquisa realizada pela Coqual apontou que 61% de funcionários gays e lésbicas decidem por esconderem sua sexualidade de gestores e colegas em razão do medo de perderem o emprego. O estudo ainda demonstrou outros dados preocupantes:
- 33% das empresas do Brasil não contratariam para cargos de chefia pessoas LGBT;
- 41% dos funcionários LGBT afirmam terem sofrido algum tipo de discriminação em razão da sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho;
- 90% de travestis se prostituem por não terem conseguido nenhum outro emprego, até mesmo aqueles que têm boas qualificações.
Por isso, a contratação da comunidade é grande aliada na emancipação econômica dos grupos, porém não suficiente. Para construir uma empresa diversa e igualitária, precisamos também fortalecer o desenvolvimento profissional de cada um dos funcionários LGBTQIA+, abrindo oportunidades para ascensão em cargos mais altos. Dessa forma, quando desenvolvemos um profissional, não estamos apenas fazendo a manutenção da sua condição, estamos contribuindo para que ele tenha as mesmas possibilidades que outros funcionários, ainda que não tenha tido as mesmas oportunidades desde a sua formação básica.
Outra forma de trazer a diversidade para a realidade da sua empresa é fomentar debates sobre o assunto, promovendo informação através de palestras, seminários e dinâmicas que visem o entendimento e acolhimento dessas pessoas. É importante pontuar que, infelizmente, nem todas as pessoas têm um conhecimento amplo sobre a causa. Partindo desse ponto, é essencial construirmos um entendimento sobre o assunto, introduzindo boas práticas na rotina dos funcionários. Temas que desconstroem condutas fóbicas, trazendo desconforto – como piadas, hábitos enraizados e termos preconceituosos – precisam e devem ser debatidos.
A diversidade é um compromisso da Lamarca para uma sociedade justa, igualitária e livre. Esperamos que essa e outras ações inspirem empresas a também se tornarem mais humanas.